'Mas que o acidental como tal, o unido e só efectivo na sua conexão com o outro, separado do seu contorno, consiga um ser-aí próprio e uma liberdade isolada, é o tremendo poder do negativo; isso é a energia do pensar, do eu puro. A morte, se assim quisermos designar essa inefectividade, é a coisa mais terrível, e sustentar o que está morto é o que exige maior força. A beleza sem força odeia o entendimento porque ele lhe pede isto que ela não é capaz de fazer. Não é, porém, a vida que tem medo diante da morte e se preserva pura da devastação, mas a vida que suporta a morte e nela se mantém é que é a vida do espírito. O espírito conquista a sua verdade unicamente quando se encontra a si mesmo no dilaceramento absoluto. Ele é este poder, não como o positivo que desvia o olhar do negativo, como quando nós dizemos de algo que não é nada, ou que é falso, e então, feito isto, passamos sem mais a outra coisa qualquer; mas ele, o espírito, é este poder somente quando, ao olhar o negativo de frente se demora nele. Este demorar-se é a força mágica que converte o negativo em ser.'
Hegel, Prefácio do Sistema da Ciência - Primeira parte, Fenomenologia do Espírito.
<< Home