quarta-feira, setembro 06, 2006


depois de surgido como um sonho dentro de um sonho, chego de pele esbranquiçada e cabelo arrumado ao clangor da manhã coada pelos grandes prédios. aqui há carrinhos soltos pela ruas. dobram-se ao vento, ao calor e à chuva como caules no fulgor do vão metal abandonado. passo por eles e imagino-os como se ali estivessem realmente. iluminados. como grandes pavões azuis no sossego das folhas junto ao passeio, junto às ervas que se erguem hábeis para o sol. passo por eles. todas as manhãs. como se fosse sempre de noite. no veludo negro da noite. e penso. que se espalham no vale escuro desta cidade. infiel nas imagens. com aquela melodia do chão que canta o cansaço tosco e preso do lado luminoso da penumbra. das casas. tão de manhã. na distância do chão que desce imóvel como um pano.