terça-feira, junho 28, 2005


O frio, às vezes é só o frio, aquele frio sem retorno, aquele frio cansado de acabar num lugar muito longe onde tudo se esquece de mim. Ao fundo do meu corpo, enquanto à noite me dispo para me deitar, oiço todas as vozes de um café lá em baixo de esplanada desfraldada para a rua. Aqui dentro é a luz que se espraia num rigor exacto de uma condição solitária e maldita. Às vezes é só o frio, mãe. É uma dor para dentro como um soluço, como um piano que repousa naqueles quartos pequenos e apenas com uma janela. À noite, deito-me então na cama e os meus olhos percorrem o branco fechado e amarelecido do tecto como um absoluto ignorado e final.