a esta hora não sabes que estou aqui. que estou aqui por dentro de uma memória que se esquece nas palavras. a esta hora regresso a casa. e passo a passo na velocidade da memória quando as feridas se abrem ao amanhecer, os passeios pelas ruas estão imóveis. os restaurantes já fecharam. os frutos desapareceram nas árvores. e entre as minhas mãos desperta esta imagem. onde estás tu. dentro de ti mesma. no teu sorriso reconstruído como um animal prolongado ao extremo no som; o som debaixo da pele, debaixo dos candeeiros. e nós. enlouquecidos pelo vinho que se desprende das mãos. a esta hora não sabíamos ainda que eu estaria aqui. que passo as mãos sobre o rosto e que agora, me esqueço. que na sombra dócil dos dias me apareces assim como a eternidade ou o coração. digo. a esta hora não sabes. ardem perdidas as ideias e ninguém me escuta. a esta hora. que estou aqui. por dentro. há ainda o teu sorriso, este tempo tão mortal e sangrento como os momentos perante as imagens. as tuas. as tuas que não esqueço. as tuas também, sabias?, sim, as tuas. mais tarde. mais tarde ainda porque a esta hora tu não sabes. ninguém sabe que eu me divido sobre os pulsos na idade e escrevo batendo os ombros nas paredes. nas cicatrizes esticadas no silêncio e ainda quentes. no intervalo dos dedos de tudo quanto esqueço. porque estou aqui. estou ainda aqui sentado convosco. e na palma da minha mão há uma flor. sem que saibas. uma flor que na boca da memória é de um perfume que se entorna dizendo todos os vossos nomes. sem palavras. fechados. ou escritos. nas minhas pálpebras.
domingo, julho 23, 2006
a esta hora não sabes que estou aqui. que estou aqui por dentro de uma memória que se esquece nas palavras. a esta hora regresso a casa. e passo a passo na velocidade da memória quando as feridas se abrem ao amanhecer, os passeios pelas ruas estão imóveis. os restaurantes já fecharam. os frutos desapareceram nas árvores. e entre as minhas mãos desperta esta imagem. onde estás tu. dentro de ti mesma. no teu sorriso reconstruído como um animal prolongado ao extremo no som; o som debaixo da pele, debaixo dos candeeiros. e nós. enlouquecidos pelo vinho que se desprende das mãos. a esta hora não sabíamos ainda que eu estaria aqui. que passo as mãos sobre o rosto e que agora, me esqueço. que na sombra dócil dos dias me apareces assim como a eternidade ou o coração. digo. a esta hora não sabes. ardem perdidas as ideias e ninguém me escuta. a esta hora. que estou aqui. por dentro. há ainda o teu sorriso, este tempo tão mortal e sangrento como os momentos perante as imagens. as tuas. as tuas que não esqueço. as tuas também, sabias?, sim, as tuas. mais tarde. mais tarde ainda porque a esta hora tu não sabes. ninguém sabe que eu me divido sobre os pulsos na idade e escrevo batendo os ombros nas paredes. nas cicatrizes esticadas no silêncio e ainda quentes. no intervalo dos dedos de tudo quanto esqueço. porque estou aqui. estou ainda aqui sentado convosco. e na palma da minha mão há uma flor. sem que saibas. uma flor que na boca da memória é de um perfume que se entorna dizendo todos os vossos nomes. sem palavras. fechados. ou escritos. nas minhas pálpebras.
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