segunda-feira, setembro 11, 2006

numa espécie de casa. aí deixava que as paredes lhe comessem a carne. e os ossos. ficava fechado num canto. com as asas a tiritar de frio. com os dedos sombrios. com a cabeça inclinada sobre o peito numa imagem que ignorava o sol. e a luz. nenhuma fotografia, nenhuma luz então o segurava. ficava apenas ali. com aquele brilho invulgar tocado imperceptivelmente pelos ombros. dentro. daquele brilho de um sol sentado na poeira. como um beijo acorrentado junto aos olhos. estava fechado. e fechado lutava em silêncio por estas palavras afogadas. por estas palavras agarradas ao círculo mudo do meu fechamento. numa imagem sem imagem. numa imagem que não regressa de lado nenhum. numa imagem que ambiciona apenas este aproximar-se. para te dizer. recusando. tudo. ardido a vermelho nos braços estendidos pelo chão. respirando. com aquela espécie de casa que se fechava como um coral. nas janelas todas leves. apagadas no linho da luz. apagadas. apagando as palavras como as grandes asas de um pássaro que pousa. no escuro. na ramagem nula do horizonte. cansado. porque ele esperava quase nada. porque dele esperava quase nada.