Quando chego ao quarto quase ainda perdido no rumor das ruas pouso devagar o meu corpo. debruçado na cama cai-me a pulseira em direcção à mão direita. Tenho o cabelo e a barba desalinhados. Por dentro, tiro as mãos dentro da terra e deixo de escavar a memória inquieta nos farrapos do tempo. Deixo os pulsos abertos sobre os frutos do sono e no cimo desta mansidão de calor só humano sou só eu que adormeço. Penso em ti. Assim. Sempre nesta distância que escala o anoitecer. Debruço-me sobre a chuva. caio sobre cada ruga da cama desfeita e sou um animal que se afoga não buscando nenhuma margem na noite lenta. Caio. esqueço a dor. e lá fora entorna-se o perfume de uma mulher ao balcão de um bar. sou esta caixa submersa e longe do som. Inclino-me sobre este rio dobrado sobre o meu peito. Caio sobre a luz. oiço. Pouco me importa. Pouco me importam as palavras e o espaço visível que se fecha entre as minhas pálpebras. este fumo nas veias. quando fiz 27 anos. Quando fiz 27 anos. desenhando. apagando. esquecendo-me. batendo os ombros nas asas como se fugisse de mim mesmo. quando fiz 27 anos. adormecia. pensava em ti e eu era aquele vento suspenso na ternura. quando te abraçava deitado. aos golpes. onde se apagavam devagar todos os meus nomes. a teu lado. no amor. escrevendo-me ao longe. apagando devagar o meu corpo virado para o lado da tranquilidade. Quando chego ao quarto anoitece na cama. caíram-me duas lágrimas dos olhos. tirei, tiro a minha camisola azul e de lã. é Inverno no dia em que faço 27 anos. penso em mim. tenho este sabor das pedras redondas e invisíveis debaixo dos rios. sou um barco que se afasta com a noite a respirar de amor nas margens. e aqui não tenho mais nada que lembrar. esqueço. adormeço. não sei o que é o Homem no mistério do tempo. não sei o que é o Homem e o seu sentido. não sei. perco-me nas ruas. aos intervalos. adormeço. sentas-te ao meu lado. vigias-me a crescer dentro deste quarto. e eu. eu não tenho mais palavras para arder.
quinta-feira, janeiro 08, 2009
Quando chego ao quarto quase ainda perdido no rumor das ruas pouso devagar o meu corpo. debruçado na cama cai-me a pulseira em direcção à mão direita. Tenho o cabelo e a barba desalinhados. Por dentro, tiro as mãos dentro da terra e deixo de escavar a memória inquieta nos farrapos do tempo. Deixo os pulsos abertos sobre os frutos do sono e no cimo desta mansidão de calor só humano sou só eu que adormeço. Penso em ti. Assim. Sempre nesta distância que escala o anoitecer. Debruço-me sobre a chuva. caio sobre cada ruga da cama desfeita e sou um animal que se afoga não buscando nenhuma margem na noite lenta. Caio. esqueço a dor. e lá fora entorna-se o perfume de uma mulher ao balcão de um bar. sou esta caixa submersa e longe do som. Inclino-me sobre este rio dobrado sobre o meu peito. Caio sobre a luz. oiço. Pouco me importa. Pouco me importam as palavras e o espaço visível que se fecha entre as minhas pálpebras. este fumo nas veias. quando fiz 27 anos. Quando fiz 27 anos. desenhando. apagando. esquecendo-me. batendo os ombros nas asas como se fugisse de mim mesmo. quando fiz 27 anos. adormecia. pensava em ti e eu era aquele vento suspenso na ternura. quando te abraçava deitado. aos golpes. onde se apagavam devagar todos os meus nomes. a teu lado. no amor. escrevendo-me ao longe. apagando devagar o meu corpo virado para o lado da tranquilidade. Quando chego ao quarto anoitece na cama. caíram-me duas lágrimas dos olhos. tirei, tiro a minha camisola azul e de lã. é Inverno no dia em que faço 27 anos. penso em mim. tenho este sabor das pedras redondas e invisíveis debaixo dos rios. sou um barco que se afasta com a noite a respirar de amor nas margens. e aqui não tenho mais nada que lembrar. esqueço. adormeço. não sei o que é o Homem no mistério do tempo. não sei o que é o Homem e o seu sentido. não sei. perco-me nas ruas. aos intervalos. adormeço. sentas-te ao meu lado. vigias-me a crescer dentro deste quarto. e eu. eu não tenho mais palavras para arder.
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