quinta-feira, junho 30, 2005


À noite ele era o excesso compacto e abraçado do escuro, a verdade espessa da terra negra num múrmurio fechado pela dor. Desespero imóvel, durante o escuro a minha casa é como a meia-noite numa photographia parada de horror ante a urgência esmagadora e surda de te desaprender para sempre, meu amor. Ele era como uma casa habitada por um ruído que crescia com o silêncio por dentro do espaço vazio, desabitado e definitivo. Som chumbo, tristeza sem nome, à noite eu sou um céu parado na normalidade das coisas, no rumor indiferenciado dos meus aquários deitados sobre o fogo da minúcia dos meus sonhos. Sozinho desaprendo as palavras e o meu rosto é como a certeza de um espaço negro, aqui misturado com a imagem rigorosa e verdadeira do escuro.