sábado, setembro 10, 2005


Deitou-se de pele junta aos lençóis longe de sua casa e perdido para sempre. No fundo do quarto, porém, continuava a chamar por ti murmurando líquido. Fechou os olhos quase no escuro e por momentos, sorrindo no esplendor de um sono crescente, pensou que tinha finalmente encontrado alguém que poderia bem ter sido ele próprio; assim era o poema sem fim num escritor sem palavras: contemplando o tecto, as paredes e todas as paisagens do interior do seu quarto eram como um enorme silêncio de pensamento que cruzava os corredores numa dor mortal, numa casa imóvel e aberta para um medo sob a largura das cidades.