Entras pela minha porta dentro e trazes contigo o barulho terrestre de uma desordem que cresce conforme sobes escada acima numa taciturna força sísmica. É que no apuro de uma luz interna tu és a carne redonda que se estrangula por uma massa arterial de sangue nas ondas musculares que se volteiam quando, lenta, chegas a casa e te despes a contra-luz. Às vezes penso que és o mármore que reflui desde a garganta do soalho deste quarto à rua que se contorce talhada pelo escuro. Este animal que se abre ao espelho num crepúsculo de grandes cabelos soltos, este animal que arde entre as camisas que se arqueiam no movimento de se quedarem, este animal abundante que se move desde as omoplatas ao rosto, este animal é a minha respiração que treme e irrompe redonda e secreta na luz que rebenta através da chuva.
<< Home