domingo, janeiro 01, 2006


E afinal os anos passavam mesmo, pai. As pessoas saíam de nossa casa e no tabuleiro, tal como na vida, ficava apenas o sal. deitado. imóvel no silêncio negro da vida. era quase de repente, depressa e ao mesmo tempo tão lento que tudo ainda resiste junto a estas horas frias e verticais. eu sinto isto tudo e não o sei dizer.como nascia aqui o ano. como se tocava em ti a terra derrubado mais um ano. mais um ano. e tudo ainda resiste em mim com a força de uma ternura desolada. mais um ano, pai. hoje fez mais um ano.