sexta-feira, julho 01, 2005


Por isso limito-me a descrever as minhas ruínas cobertas com séculos de neve. A minha terra é plana e o meu peito está todo coberto de segredos que fazem nascer o sol de manhã. A verdade é uma casa quente que me habita pela cabeça e não pode ser escrita nem apreendida por qualquer texto-urdidura. De pé, de manhã, o sol lá fora é o meu filho menino que ouve esta história enquanto eu mesmo coloco estas photographias uma a uma diante dele. E no entanto nada disto existiu. Ontem o telefone tocou, bateram à porta e não, não era engano nem qualquer pessoa. Na luz, nesta luz ficaram sós, as palavras, os teus olhos meu amor, os teus olhos totais, vivos e límpidos.