- Então? Interrogou o arquitecto de éticas.
- Oh! Dentro de mim não há nada que valha a pena, disse o principezinho. Sou demasiado pequeno dentro de mim. Tenho só três medos e um sonho extinto.
- Isso dos medos não assinalamos. São demasiado dolorosos. Tens razão, um sonho extinto também não é interessante.
- Porquê? É o mais bonito!
- A arquitectura ética não pode fazer-se sob medos ou sonhos; isso passa sempre de moda e como é humano acaba sempre trucidado pelo tempo. O que nos importa são as coisas eternas, os sistemas do habitar e do viver.
- Tenho também uma flor. Murmurou o principezinho.
- Oh! Deixa-te disso! Não tens nenhum «projecto»? Uma ideia sólida de como devem habitar os homens que trabalham e morrem para os dias de esforço? Não tens nenhum sonho para lá da poesia, da suavidade das tardes e das tuas flores? Quero «projectos» de vida sólidos como paredes que resistam aos terramotos da morte e do amor, quero vidas axiais, exemplarmente construídas sob filosofias redondas, sistemáticas e sem fim!
Corado, com as mãos embrulhadas uma na outra, o principezinho repetiu baixinho sem que o arquitecto de éticas o ouvisse:
- Curioso eu ser todas estas personagens em viagem e, no entanto, nenhuma delas me coincidir de todas as maneiras.
De mãos nos bolsos e a pensar na sua intuição de sonhos misturada com os seus caracóis loiros, o principezinho foi-se embora.
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