segunda-feira, dezembro 12, 2005


Por amor, dizia. Por amor, são estes os dias que me trucidam assombrados, assim com o sorvo do coração no rosto e o sangue que me treme pelo corpo tão leve e vertical como o frio. De todos aqueles que eu sou, eu sei que em mim, por dentro deste sangue, só há estes lugares de longe num pavor fechado e frio como o de uma criança aberta e descarnada ao vento. ao vento. Eu sei que isto nada importa. que na voragem dos nós dos dedos se morre sem sentido por cada palavra mal gasta em pensamentos. Eu sei. Que na vida a claridade se esbate, pequena, e que o ímpeto violento do frio me atravessa agora perpetuamente depois da seda, atrás desta concavidade do sono e do segredo de eu ser quase nada. quase nada nestas imagens vivas. quase nada no perfume das ruas. quase nada neste ciclo ligeiro que se encurva gentilmente para sem porquê se tornar eu. terríficos são estes dias ferozes que o mundo me queima, que a morte radiosa me toca soletrando apenas o meu nome, pétala a pétala. devagar como o movimento da carne, devagar como a luz.