domingo, janeiro 22, 2006


Perguntam-me na rua as coisas que me são, o que poderia ser uma linguagem tão pura como a luz. uma linguagem silenciosa e sem espaços. uma linguagem, afinal, redonda e mulher. eu digo: dentro do plural dos nomes inventados as coisas bem poderiam ser a linguagem pura da minha cabeça lançada indefinidamente para a morte da minha vida. como cicatrizes ou chagas. caio então aqui. e nesta música eterna das coisas que me ressuscita indefinidamente e morre, eu faço o meu jantar e de repento páro. há qualquer coisa. há qualquer coisa, há qualquer coisa há qualquer coisa como ter uma alma e poder ouvir o que são as coisas dentro desta música mulher mar mão. mão na faca. caldo verde. e tudo me morre, e cego eu sou no meio destes ossos quentes o trabalho. as palavras. o poema assim despudorado. as coisas.