domingo, dezembro 03, 2006



a minha casa seria o meu corpo sempre a ruir ao relento das minhas mãos. dizia. deitado na cama. agasalhado na luz da mulher, da única mulher que como um cavalo lançava o cabelo ao sono para que ondulassem todas as estrelas. dentro dos movimentos migratórios, levantadas, alteadas por cima da boca e dos gritos do respirar magro daquele corpo. estendido pelo caminho. por dentro das suas próprias divisões. como um pássaro morto que continuava o seu voo. como um ninho desfeito. pensava outra vez. respirando. respirando o fervilhar daquela doença sem barcos. de uma corrente que o levava para longe. para longe dos que regressam. com todas as ideias moldadas a partir do céu da boca. da poluição do sangue. para morrer. inchado no tráfego nocturno da cidade. da ideia de minha mãe. deste poema dobrado. nas asas. sem outra voz que não seja a ideia. a mesma imagem despovoada e sem casas de querer voltar ao chão. de cair no equilíbrio da luz miudinha depois dos temporais. para morrer.