quinta-feira, julho 27, 2006


'Partiram no navio e chegaram a uma outra ilha, onde o navio encalhou. Efectivamente, tal ilha era pedregosa e sem vegetação, com poucas árvores e sem areia nem praia. Passaram, porém, a noite em oração e em vigília fora do navio até de manhã. Depois, colocaram uma marmita ao lume e ela começou a agitar-se em cima da ilha como se fosse numa onda. Os irmãos, por sua vez, puseram-se a correr para o navio. Até o próprio abade os puxava para dentro. Deixando tudo o que tinham levado para aquela ilha puseram-se a navegar. A verdade é que a ilha delizava pelo oceano. Mais que isso; podiam ver o lume a arder a mais de duas milhas. Então S. Brandão disse aos irmãos: 'Não vos assusteis, pois Deus, esta noite, revelou-me em visão o significado deste acontecimento. A ilha que vedes não é uma ilha, mas um peixe. É o maior de todos os animais que nadam no oceano, procura a cauda para uni-la à cabeça e não é capaz em razão do seu comprimento. Tem o nome de Iascónio.''

Navegação de S. Brandão nas fontes portuguesas medievais, ed. crit. de Aires do Nascimento, 10.