segunda-feira, julho 25, 2005


Entre os torsos calcinados das mãos que se dobram pela minha, estéreis são os dias que em chamas se lançam para a neve do meu esquecimento sem palavras: embriagado por entre as luzes dos carros eu sou o pó, as sombras adormecidas na transparência rápida dos meus dias. Na ferocidade de me perder, pouco a pouco escondo o meu nome e escurecido divido-me nas sombras separando o silêncio e o fogo; escolhendo o que dividido, a minha cabeça faz girar ao balcão anónimo todo o bar e dentro da chuva, erguida cai lá ao fundo a música. Debruça-se o som, espalham-se as mãos, o som, e levantam-se os dedos para a carne líquida e sobre
posta nas bocas abertas para os buracos intermitentes das luzes e dos néons que explodem acordados junto à tua respiração recordada.