quarta-feira, julho 27, 2005


Dá-me por esta noite uma terra sem vento, meu amor. Dá-me por esta noite a carne de um poema, a canção ou a rua estreita por onde caminharei toda a minha fragilidade balançando os muros. Dá-me a água, o nascimento, a morte, todas as membranas que no meu quarto escuro vão luzindo puramente depois do temor durante a noite. Dá-me os teus dedos claros, os teus gestos como amêndoas bocejando azuis junto à linha da janela; deixa-me ainda aqui, dentro de mim incendiado no teu rosto desabado. Que todas as fontes sejam as próprias sombras que estremecem quando sobre elas te debruças: o teu rosto, o teu rosto, meu amor o teu rosto e toda a minha fragilidade doente, para dentro confundida, circun
dirigida como as estrelas para a memória de ti no clamor das noites entre as borboletas que se escondem.